terça-feira, 26 de janeiro de 2016

pressure drop









Rapaz, como as contrações mentais são fortes. Imagine que o pensamento de certa forma é leve, mas não é sutil, pelo menos não conseguimos manejar-los sempre assim. Quantos tormentos muitos de nós passam por pensarmos tanto e querermos exprimir algo por contrações mentais deveras dilacerantes. Será que precisamos? Não pelas contrações mentais. Vá uma vez ou outra. Venha uma vez ou outra. Mas saiba sempre que nem tudo do todo acharás por se tormentar tando assim pelo pensamento. Vá, venha, e mergulhe voando pelo sentimento. Deixe a pressão cair até que ela se torne sutil, ai sim a inteligência se manifestará e verá, ou melhor, sentirá, que tudo de melhor há de ser mais sentido do que pensado. Eis que somos o que sentimos e não o que pensamos. Sinto, logo existo. 

Dê aquele bom sorriso e sinta, pois logo existirás.






sábado, 23 de janeiro de 2016

ándale





Olha só aquele que talvez não via,
agora vê que já não pode mais desdenhar.
Não desdenhar do profano, mas daquilo que de divino se manifesta,
seja na festa ou na testa, de acordo com a urgência de sua propagação.

É, é sim, assim, e será, do jeito que necessário for. Mas antes que seja dor, melhor que seja flor pela reflexão. Ainda que de dor se manifeste, este é o teste.
Sim, porque é inevitável, mas de belo há, que não é permanente, há de durar tanto quanto o despertar demorar de brotar. 








quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

sopa de letras e as consoantes da esperança




O Brasil, durante sua trajetória de formação política e institucional, produziu sempre resultados multifacetados e sincréticos. Não podendo esperar algo diferente, as multifaces, talvez em âmbito político-econômico-sociocultural, uma vez já foram dualface. Somos marcados de berço por dicotomias e dualidades não totalmente superadas: Elite/Massa, Agricultura de exportação/Agricultura de subsistência, Litoral/Sertão, Nordeste/Sudeste, Industrial/Rural, Moderno/Atrasado, Centro/Periferia, Casa Grande/Senzala, Branco/Preto, Rico/Pobre, Formal/Informal, Indivíduo/Pessoa, etc. Elas ainda estão presentes como constelação de ideias fincadas muitas vezes à figuras influentes ou de indivíduos não tão presentes em suas consciências. O fato que jamais deve ser ignorado, é de que isto, como marca, nos proporciona, desenha, e em certos casos limita, levando a circunstâncias específicas. É ponto base para a consciência histórica de formação nacional. Nesta base, não se pode esquecer os elementos econômicos, culturais e por assim dizer sociais peculiares. Esta configuração de trajetória histórica, nos dá o panorama de formação para uma possível transformação. 

Nisto, diversas práticas institucionais ou institucionalizadas por razões estratégicas, marcam nosso mosaico nacional. Uma delas é o clientelismo e o largo uso dos partidos políticos sob essa prática. O clientelismo que vem desde a confusão entre patrimônio pessoal e público, o patrimonialismo, e desde a construção de barganhas para interesses outros que não o da real construção nacional, se constituiu como uma prática comum e instrumento meio que "necessário" para se ter demandas ouvidas e atendidas, até mesmo por vozes oprimidas. Talvez, digamos que, a partir da aversão ao associativismo racional, este seja o maior apelo emocional institucionalizado para conseguir ser ouvido e atingir determinado objetivo em uma lógica moderna política-econômica-institucional por elementos socioculturais. Fato é que já faz aniversários seculares. 

Vindo disto, encontramos uma realidade gerada a partir deste mosaico: justamente a sopa de letras partidárias. Temos por volta de 35 partidos políticos. 35. É isso mesmo?! É isso mesmo. Isto significa uma força representativa sobre as multifacetadas necessidades das diferentes realidades da população e camadas vulneráveis brasileiras? Dificilmente. É só acompanhar a maioria dos mandatos dos eleitos que veremos uma enorme diferença entre discurso e prática. Nestas ainda remanescentes dualidades e dicotomias, temos na corrida eleitoral os "polos" não tão antagônicos assim, o PT e o PSDB. Nestas disputas, já há algumas décadas, foram oscilando e alternando programas, cargos, personalidades e enredos na conquista e manutenção dos mais altos poderes materiais. Neste percurso, e agora neste estado, se evidencia um desgaste próprio de estratégias, credibilidades, posturas discursivas e tudo aquilo que perece ao longo da presença de uma baixa moralidade. Nisto tudo, recentemente, me pegou uma forte e boa sensação, ainda não sentimento, de esperança em relação às fricções de quadros políticos em seus debates, campanhas e eleições: um "novo" engajamento de ações a partir do PDT, através das filiações e empenhos de Ciro Gomes e Roberto Mangabeira Unger. Não sou especialista da área e nem otimista de curto prazo, e nem acho tudo muito novo, mas de uma certa forma é um quadro que surge em um momento bastante oportuno, com figuras presentes altamente capacitadas, a sacudir as poeiras e esquentar os debates. Ciro Gomes, com sua trajetória larga e de boas expressões, talvez encontre dessa vez uma das maiores oportunidades de se colocar como um bastante interessante candidato à presidência da república. Sem falsa cordialidade, no mínimo dará boas alfinetadas nos participantes. O Professor Unger por sua vez, eleva de maneira profunda as racionalidades de planejamento na construção e desenvolvimento de um país. Com suas aulas em Harvard e entrevistas dadas aos focos internacionais, por exemplo "Hard Talk" da BBC, famoso por seu clima desafiador, o Professor mostra para que veio. Veremos como se conjugará, um político experiente mas de percurso partidário tortuoso, aliado ao intelectual de mente decidida. 

Saindo da dualidade, e dos conflitos da tese e antítese, podemos esperar pelo menos por uma síntese. Que se repercuta no mínimo em um nível mais elevado de debate e em preocupações mais verdadeiras com a realidade de desenvolvimento de um país como o nosso. Veremos ao longo destes dois anos e mais um pouco, como este engajamento se desenvolverá a partir das lógicas de coligação e cooptação que muitas vezes se deparam para aqueles que querem conquistar o poder. Somados a isso temos ainda as consoantes PSOL e a PSB, que também podem contribuir com a pimenta no caldeirão afim de se tornar mais sério o rumo dos debates reflexivos a que nos encontramos de anos em anos, e não meramente uma jogatina verborrágica de asquerosos oportunistas egóicos. Que a sopa de letras produza as consoantes da esperança.  











sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

perdoando aqui e agora










Perdoar nem sempre é fácil, aliás, em sua maioria, é difícil quando se faz conscientemente.  Depende muito de como atribuímos se devemos ou não, se fomos atingidos ou não, se somos as vítimas ou não. Na verdade nada disso procede. A dimensão do acontecimento que paira a ideia de se perdoar, vai muito além do de ser atingido ou causador e receptor do efeito, vai muito além de ofensas, ataques, desconfortos. Não se trata de fato de se perceber quem causou o que, ou de se esperar uma confissão. Mas sim de refletir e compreender antes de reagir de qualquer forma sobre o que de fato acabou de acontecer. Os acontecimentos não são tão diretos entre persona e persona, mas sim entre almas e almas, ou seja entre experiências necessárias e experiências necessárias. Isto sugere que a compreensão deve se elevar para além de reações mundanas, além de rancores, dissabores, ódios, raivas, tudo que de denso for, e sim, se aproximar de algo mais profundo e revelador. Algo que sugira contribuição mútua, algo que sugira despertar mútuo, não que se atinja sempre, mas sempre é sugerido, afinal esta é a razão. Não existe injustiça, mas sim necessariedades. Injustiça são moldes materiais. Qualquer molde natural, espiritual, cósmico, ou melhor, leis universais, são precisas nos preenchimentos das lacunas que residem ainda em nós.

Porém, o agravante, o fator "hardcore" do exercício do perdão, é quando nos deparamos nas configurações encarnatórias tipo: pai, mãe, marido, esposa, irmão, irmã, namorados.  Aquela configuração relacional de mais íntima que podemos ter. É foda. Crescermos com parâmetros, critérios, expectativas, que rapidamente se chocam e se confrontam com as mais viscerais das sensações. Os contrastes mais evidentes que podemos notar, as esperanças mais balançadas que podemos vivenciar. É, porque isso é tão comum? Ainda, porque isso se mostra tão necessário de ser resolvido? Bom, cada caso sua complexidade, cada caso sua necessariedade, fato é, que não fizemos aqui, viemos para cá com isso, ou seja, estamos aqui para resolver. A encarnação é a oportunidade na qual nos comprometemos de vir resolver as pendências necessárias, portanto, trabalhemos.

Feliz Ano Novo, ou melhor, Novo Ciclo que propiciará felicidade se atentos estivermos, se dedicados formos.

Com tudo isso, desejo paz e união, e que nunca se perca o carinho estelar.



*vibrações sonoras § Paul McCartney - Hope of Deliverance §