Perdoar nem sempre é fácil, aliás, em sua maioria, é difícil
quando se faz conscientemente. Depende
muito de como atribuímos se devemos ou não, se fomos atingidos ou não, se somos
as vítimas ou não. Na verdade nada disso procede. A dimensão do acontecimento
que paira a ideia de se perdoar, vai muito além do de ser atingido ou causador
e receptor do efeito, vai muito além de ofensas, ataques, desconfortos. Não se
trata de fato de se perceber quem causou o que, ou de se esperar uma confissão.
Mas sim de refletir e compreender antes de reagir de qualquer forma sobre o que
de fato acabou de acontecer. Os acontecimentos não são tão diretos entre
persona e persona, mas sim entre almas e almas, ou seja entre experiências
necessárias e experiências necessárias. Isto sugere que a compreensão deve se
elevar para além de reações mundanas, além de rancores, dissabores, ódios, raivas,
tudo que de denso for, e sim, se aproximar de algo mais profundo e revelador.
Algo que sugira contribuição mútua, algo que sugira despertar mútuo, não que se
atinja sempre, mas sempre é sugerido, afinal esta é a razão. Não existe injustiça, mas
sim necessariedades. Injustiça são moldes materiais. Qualquer molde natural,
espiritual, cósmico, ou melhor, leis universais, são precisas nos
preenchimentos das lacunas que residem ainda em nós.
Porém, o agravante, o fator "hardcore" do
exercício do perdão, é quando nos deparamos nas configurações encarnatórias
tipo: pai, mãe, marido, esposa, irmão, irmã, namorados. Aquela configuração relacional de mais íntima
que podemos ter. É foda. Crescermos com parâmetros, critérios, expectativas,
que rapidamente se chocam e se confrontam com as mais viscerais das sensações. Os
contrastes mais evidentes que podemos notar, as esperanças mais balançadas que
podemos vivenciar. É, porque isso é tão comum? Ainda, porque isso se mostra tão
necessário de ser resolvido? Bom, cada caso sua complexidade, cada caso sua
necessariedade, fato é, que não fizemos aqui, viemos para cá com isso, ou seja,
estamos aqui para resolver. A encarnação é a oportunidade na qual nos
comprometemos de vir resolver as pendências necessárias, portanto, trabalhemos.
Feliz Ano Novo, ou melhor, Novo Ciclo que propiciará felicidade
se atentos estivermos, se dedicados formos.
Com tudo isso, desejo paz e união, e que nunca se perca o
carinho estelar.
*vibrações sonoras § Paul McCartney - Hope of Deliverance §
*vibrações sonoras § Paul McCartney - Hope of Deliverance §
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