quinta-feira, 26 de maio de 2016

a intelectualização e o risco de não se esvaziar







Em meio aos nossos processos educativos, necessitamos desenvolver determinados instrumentos para lidarmos com as diferentes experiências sociais e muitas vezes categorizadas da vida. Um destes instrumentos é o intelecto. Muitas vezes, o intelecto, ao ser colocado como a própria inteligência, ou o desenvolvimento do intelecto como o próprio sentido da vida, nos deparamos com determinados desafios, precisamente difíceis para progredirmos em outras esferas de evolução. Isto porque, nos empreendemos a pensar e pensar à se chegar a algo mais esclarecido. Do ponto de vista analítico, obviamente por vias reflexivas bem apropriadas, nos esclarecemos sobre determinado objeto, seja relacional, situacional ou circunstancial. Mas, esta ideia e empreitada de chegarmos à um alto nível de esclarecimento através do esgotamento do pensar, nos traz algo que na maioria das vezes não percebemos, que é o ativamento de um bloqueio a partir da concepção de que conceitualmente atingiremos algum ápice, mas de fato, este ápice está para além do pensamento. 

Grande problema é o fato de ser cultural. De tempos em tempos, recebemos mensagens sobre como o esclarecimento, a iluminação ou o processo iluminativo, está para além do pensamento. Culturalmente, principalmente no ocidente, já há algum tempo, é defendido construções mentais que se fortalecem, se justificam e são firmadas como propriedades. De onde vem o pensamento? Para que existe o intelecto? O que devemos fazer com estes? E o que seria uma aplicação inteligente? Difícil de pensar. rsrs Mas é isso, não devemos. Precisamos sentir. Parto do princípio de que não somos um corpo, mas temos um corpo, claro que ao termos, também somos, no sentido de ser seu invólucro específico, mas não originário. O pensamento portanto é acessado, captado, afinizado de acordo com seu estado. Sim, ele é passível de aperfeiçoamento, e também pela intelectualização do que se está pensando. No entanto, se acessamos, certamente, a matéria é rarefeita. Se captamos, a constituição do pensamento é também etérica. Se empreendemos e assim realizamos com este, então é instrumento, é ferramenta. Portanto, existe como propósito. Ou seja, não se esgota, e não se capta pensando mais, e sim melhor. Se é etérico, há uma necessidade de construção fluida. Um fluxo para além de densidades corpóreas. Assim, deve haver, na realidade existem, maneiras de sentir o que virá por ti. Ou seja, o que será canalizado através de você. Portanto, estado vibratório. E este estado, é primeiramente, melhorado, qualitativamente, deixando de pensar. Sustenta-se, e sustento também, que este esvaziamento, é justamente o momento em que a parte une-se ao Todo, em que o verso se torna Uno, em que o que pensarei, virá melhor ao sentir primeiro, que qualitativamente mais sutilizado, proporcionará um pensar mais esclarecido, e portanto um agir mais consciente. Esvaziar-se é preencher-se, esvaziar-se é se conscientizar que nossa origem é maior do quê o que pensamos. Portanto, uma intelectualização como fim, nos impede de sentir o que somos, e para quê pensamos.

Penso, logo crio. Sinto, logo existo.